Bem Vindos!!

Esse blog é destinado a todos aqueles que são apaixonados por leitura e seus romances.
Sejam todos Bem Vindos e Divirtam-se.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Capítulo 11

Emily voltou para casa. Parecia um pouco triste, mas esperava que o dia conseguisse levantar seu astral. Cindy já havia viajado para visitar a sua mãe. Emily nunca se sentiu tão sozinha. Arrumou o que estava bagunçado na casa, tomou um banho e deitou para descansar. Pegou no sono até ser acordada pelo toque do seu celular. Levantou assustada e percebera que já era noite. Olhou o celular que estava na mesinha ao lado de sua cama e atendeu.

- Alô! Emily?
- Oi sweetheart. Chegou bem? A viagem foi boa?
- Sim! Cheguei bem e ocorreu tudo ótimo. Vou só desarrumar minhas malas aos poucos e descansar. Amanhã mesmo já vou com alguns residentes para um hospital aqui em Havana.
- Que bom. Descanse bastante.
- Eu irei.
- Ethan...
- Oi.
- Eu te amo, não esquece isso.
- Claro que eu não vou esquecer. Por que você está falando isso?
- Nada. Eu só quero que você não se esqueça disso.
- Eu não vou esquecer Emily, por que eu também amo você. Olha... Eu tenho que desligar, mas amanhã te ligo novamente. Ok?
- OK. Boa noite Ethan.
- Boa noite Em.

Emily desligou o celular e se levantou. Esticou cada músculo do seu corpo e foi andando em direção à janela. Essa segunda feira estava com cara de fim de semana. Ficou um tempo ali até ouvir seu celular tocar novamente. Emily ainda não havia falado com Cindy. Ela viajara bem cedo para cidade vizinha enquanto Emily dormia.

- Oi Cindy, tudo bem?
- OI Emily. Não muito. Vou precisar passar a noite aqui com minha mãe. Então resolvi ligar para avisar que não vou dormir essa noite em casa e talvez não volte amanhã, vai depender da melhora dela.
- Mas o que ela tem? Os médicos já descobriram?
- Eles acham que é algum tipo tumor, mas ainda estão fazendo alguns exames. Eu estou preocupada Emily.
- Não fique assim. Sua mãe precisa de você forte do lado dela. Quer que eu vá ai ficar com vocês?
- Não precisa Em. Prefiro que você vá para a faculdade e anote tudo. Quando eu chegar pego todas as matérias.
- OK. Se você prefere assim... Mas qualquer coisa que você precisar Cindy, pode me ligar que eu vou correndo para ai, certo?
- Obrigada, mas suponho que você não vá precisar fazer nenhum esforço.
- Te vejo em breve.
- Beijos.

...


      A mãe de Logan havia preparado uma torta de maçã enquanto nós jogávamos Guitar Hero. Para falar a verdade eu adoro rock de todos os tipos. Enquanto a música tocava, eu podia me lembrar de quando era mais jovem e integrante de uma banda chamada Os CamelosTudo começou com rodinhas na escola, depois foi crescendo e até conseguimos gravar uma demo, mas o tempo foi ficando curto, surgiram algumas brigas e a banda acabou antes mesmo de estourar. Eu tocava guitarra e era o vocalista. As garotas enlouqueciam com minha voz. Eu adorava compor também. Sempre fui romântico e dramático, então minhas canções não podiam ser diferentes. Tinham uma pegada forte de letra suave. Há muito tempo eu não pegava em um violão. Cheguei a escrever músicas para minhas namoradas. Sempre tem uma música que te faz lembrar alguém. Eu tenho várias. Para cada tipo de pessoa, cada dia do ano, cada momento especial. Bom... Se minha vida fosse uma discografia, seria das mais diversas canções e definitivamente, sem fim. Jogamos até cansar. Comemos da magnífica torta e ficamos sentados no tapete da sala. Um tapete estilo indiano com detalhes cor de vinho.


- Vocês querem continuar jogando? Perguntou Logan.
- Por mim já basta. Respondi deitando a cabeça no sofá.
- Por mim também. Respondeu Sarah em seguida.

Continuei com a cabeça deitada, olhando para o teto. Houve um pouco de silêncio.

- Pensando em alguma coisa Tom? Perguntou Sarah.
- Ele pensa? Respondeu Logan sorrindo.

Sorri também.

- Nada. Apenas pensando.
- Se alguma coisa estiver te perturbando, você pode conversar com a gente, não é Logan?
- Claro. Eu sei que não é grande coisa, mas...
- Logan cala a boca. Respondi.
- Calei. Baixou a cabeça.
- Eu posso fazer uma pergunta a vocês? Mas eu quero que sejam sinceros.

Sarah fez sinal de sim.

- O que vocês acham de mim?

Logan fez cara de que não entendeu a pergunta.

- Como assim? Perguntou Sarah.
- Vocês me acham... Não sei. Chato?
- Você chato? Respondeu Sarah.
- Quando você quer. Respondeu Logan.
- Logan! Gritou Sarah.
- O que foi? Ele pediu para ser sincero.

                Eu sorri.

- Você não é chato Tommy. Mas por que você está perguntando isso? Falou Sarah.
- Nada. Eu só queria saber.
- Não. Pelo pouco que eu conheço de você, sei que alguma coisa aconteceu para você estar perguntando isso. Você é sempre tão confiante. Falou novamente Sarah.
- Acho que sua convivência comigo está afetando sua cabeça. Disse Logan.
- Por que afetaria? Respondi.
- Tommy, crise existencial é coisa de nerd.
Todos nos rimos.

- Alguém disse que você era chato? Voltou a falar Logan.
- Uma amiga de Emily. Se lembra dela?
- E tem como esquecer?
- Eu não sei, mas às vezes sinto que afasto as pessoas.
- Espera. Falou Sarah. – Eu tenho que gravar esse momento. Tommy Bernold vai se autocriticar.
- Nossa, eu sou tão... Como eu posso dizer?
- Metido? Brincou Sarah. - É! Mas a gente gosta de você assim mesmo.
- Sério?
- Por que você acha que eu não entendo por que você quer ser meu amigo? Respondeu Logan. – Tommy se duvidar nem minha mãe acredita que somos amigos. Continuou.
- Ela falou isso? Espera. Eu gosto de vocês, por isso somos amigos.
- Nos sabemos. Respondeu Sarah. – Amizade tem dessas coisas mesmo. Não é por que você é bonito e tem esse olhar que balança qualquer garota, que você não possa ter amigos como nós.
- Tirando a parte do olhar. Interrompeu Logan. – Eu concordo com Sarah.

 Sorrimos.

- Bom eu acho que por hoje é só né? Chega de ficar aqui me detonando. Acho que vou para casa. Falei.
- Eu também vou. Disse Sarah.
- Quer que eu te deixe em casa? Perguntei.
- Não precisa se preocupar.
- De jeito nenhum. Logan diga a sua mãe que a torta estava maravilhosa. Aproveita e leva um pedaço para mim amanhã. Ok?
- Sem problema.

Logan nos deixou na porta.

- Tchau Tommy. Tchau Sarah.

Sarah e eu formos caminhando pelas ruas um pouco movimentadas. Afinal era segunda feira. Chegamos à casa de Sarah.

- Quer água ou alguma coisa? Perguntou ela.
- Não, obrigado. Comi e bebi bastante na casa de Logan.
- Obrigada por me acompanhar até aqui.
- Disponha.
- Tommy, posso falar uma coisa?
- Claro.
- Não se preocupe com o que as pessoas pensam de você. Seja você e ponto final.
- Você está certa.
- Você é esperto, engraçado, bonito.

Fiquei um pouco envergonhado.

- Você pode parar se quiser. Digamos que eu não seja acostumado a elogios assim.

Sorrimos.

- Quer saber? Tem uma garota...
- Sabia que tinha alguma nessa estória.
- Eu não sei Sarah. Eu não a conheço bem. Não gostei muito dela no princípio, mas tivemos a oportunidade de conversar um pouco. Ela mostrou um lado dela que eu pensava que não existia sabe?
- Sei.
- Eu gostei de conhecer aquilo, mas eu sei também que ela não gosta muito de mim. A gente se fala educadamente, mas eu queria estar errado sobre algumas coisas que eu venho pensando.
- Deixa vê se eu entendi. Aquela garota que você e Logan estavam falando é uma coisa completamente diferente do que você pensava que fosse,e agora você está apaixonado por ela?

Olhei para Sarah com cara de assustado.

- Calma, eu não disse que estava apaixonado, apenas que tinha visto um lado dela diferente. Eu também nem quero me apaixonar por ninguém e se fosse acontecer, que não fosse ela.
- Então qual o problema? Por que você se importa se ela te acha legal ou não?
- Não sei. Esse é o problema. Eu não sei por que eu me importo com o que ela pensa de mim.
- Sabe o que eu acho?

Fiz sinal para que prosseguisse.

- Que você sente atração por ela. Interesse. Sabe por quê? Por que ela desafia tudo que você tem medo de enfrentar. Esse seu orgulho não deixa. Você quer tentar, mas tem medo. Ela não deve ser nenhum monstro de sete cabeças.  Talvez seja melhor conversar com ela. Sei lá.
- Conversar com ela? De jeito nenhum.
- Então você deixa o tempo passar e vê se essa agonia que você está sentindo passa. Por que só há dois caminhos Tommy: ou você quer ou você não quer. Então qual vai ser?

...

Larguei da escola. Resolvi voltar por um caminho diferente. Passei pelo famoso campus da faculdade. Aquele lugar era realmente tranquilizante. Acho que é o verde da grama, e alguns passarinhos que pousam sobre ela para se alimentar no verão, ou a brancura dela por causa dos flocos de neve no inverno. Se eu morasse em Rosetown antes de me formar, com certeza gostaria de ter estudado lá. Fui andando devagar para apreciar o vento que ficava mais quente a cada dia que passava. A primavera estava chegando e minha curiosidade era imensa, de saber se as flores realmente ficam iguais as dos filmes. Resolvi sentar em um banco de algumas das mesas espalhadas por lá. Ficava rindo de algumas pessoas que passavam. Sentei e fiquei ali um bom tempo até senti que alguém se aproximava. Sabe aquele friozinho nas costas? Exatamente o que eu senti quando Emily chegou perto.

- Tommy? O que você faz por aqui?

Me virei. Nessa hora não sabia se sentia mais frio na pele, nas costas ou no coração. Engoli um pouco de saliva e respondi.

- Oi Emily.

Ela foi andando em direção ao banco para se sentar.
- Você ainda não respondeu a minha pergunta.

Sorri.

- Nada. Eu apenas estava dando uma olhada ao redor. É proibido?
- Não.
- Veio sozinha? Cadê sua amiga Cindy?
- Sim. Cindy está viajando. Foi ver a mãe que está doente.
- Eu encontrei com ela um dia desses. Ela saia de uma farmácia. Perguntei se ela estava bem e ela terminou comentando da mãe.
- Ela falou sobre isso. Disse que você a chamou de mal educada.
- Como? Sorri. – Não. Eu não disse isso. Eu apenas quis que ela me desse pelo menos um tchau quando fosse embora. Mas não importa cada um entende do jeito que quiser. Está tudo bem com a mãe dela?
- Não muito. Parece que é câncer.
- Nossa. Cindy está bem?
- Na medida do possível.
- Eu sinto muito.
- É.

Ficamos um pouco em silêncio. O vento empurrava os cabelos de Emily. Como ela conseguia ter aquele rosto tão angelical? Respirei e tentei puxar assunto.

- E você? Como é que está?
- Estou bem.
- Soube que o seu ex-namorado viajou.
- Na verdade ele ainda é meu namorado.
- Eu achei...
- Achou errado. Interrompeu.
- Desculpa. Mas ele foi para onde mesmo?
- Cuba. Fazer residência. Mas falo com ele todos os dias pelo celular ou pela internet.
- Que bom. Dizem que os melhores médicos saem de lá. Espero que ele seja um dos melhores.
- Ele será. Ethan tem capacidade para fazer o que ele quiser.
- Se você diz... E você faz o que?
- Jornalismo. Concluo daqui a alguns meses.
- Sério? Bacana. Eu sou formado em publicidade e quando preciso faço alguns bicos de fotógrafo também.
- Mesmo?
- Uhum. Se você quiser posso te mostrar alguns trabalhos meus. Você já sabe em que área quer atuar?
- Não sei. É tão amplo esse ramo. Às vezes quero ser repórter, às vezes redatora.
- Você pode ser os dois. Se você quiser posso te mandar vários arquivos que eu tenho falando sobre essa área de comunicação. Quem sabe não te ajuda.
- Você faria isso mesmo?
- Claro. Só tem um problema.
- Qual?
- Os arquivos são em português e um pouco grandes, então pode levar um tempo para traduzir.

Emily sorriu.
- Não precisa se preocupar. Daqui para o final do curso eu escolho algum caminho.
- Espero que o certo.
- Eu também. Acho que agora eu vou indo. Bom qualquer dia a gente marca para eu ver seus trabalhos.
- Claro. Você tem meu número?
- Não.
- Espera.

Retirei meu caderno. Anotei meu número em um pedaço de papel e entreguei a ela. Ela dobrou cuidadosamente o colocou no bolso.






domingo, 26 de fevereiro de 2012

Capítulo 10

Ethan e Emily acordaram aquela manhã de sábado esbanjando felicidade. Depois de alguns dias vivendo a esperança daquele momento acontecer de novo, Ethan se sentia vivo e disposto novamente. Os vestígios da festa ainda estavam pela casa. Alguns copos de cerveja jogados ao chão. Sofá fora do lugar, uma verdadeira bagunça. Emily levantara afim preparar algo para ambos comerem, mas estava impossível fazer qualquer coisa que fosse naquela cozinha imunda. Decidiu comer algo na rua. Gritou de baixo para que Ethan descesse. Ethan levantou um pouco ressacado. Lavou o rosto e trocou de roupa. Pegou sua carteira na gaveta da escrivaninha e os dois foram para a RoseCoffee. 
Chegaram e escolheram a mesa de sempre, mas dessa vez não havia expressões ou lágrimas de tristeza. Sentaram, escolheram seus cafés e comeram como um mendigo toma um prato de sopa. Talvez pelo momento de felicidade Emily e Ethan não se deram conta do quanto beberam na noite selvagem que tiveram. Emily tinha umas manchas no braço direito e Ethan uns leves arranhões. Dois bicudos não se bicam, mas dois bêbados se bicam e muito mais. Já dizia meu avô, Freitas, em algum momento de depressão pós meia-idade. Ethan sorria para Emily como um moleque. Ela olhava sua mancha no braço e ele mostrava alguns arranhões como se dissesse: “Olha para isso também”. Os dois brincaram um pouco até que Emily pensou em como seria depois que Ethan entrasse no avião e levantasse voo.

- Ethan, desculpa atrapalhar a gente agora...
- Então não atrapalha.
- Mas a gente precisa conversar.
- Ok. Sobre o que você quer conversar?
- Eu estou falando sério Ethan.
- Eu sei sweet.
- Você sabe que eu não posso ir te visitar lá em Cuba.
- Você não precisa fazer isso. Eu venho visitar você aqui nos fins de semana que eu estiver livre.
- Você não acha que talvez isso seja...
- Seja o que? Interrompeu Ethan. – Caro? Cansativo? Emily eu não me importo com quantos dólares eu vou gastar, você vale qualquer esforço que eu tenha que fazer.
- Será?
- O que você quer dizer com esse “será”?
- Nada Ethan. Eu não quero dizer nada. Eu só...

Emily parou.

- Isso já aconteceu antes e você sabe como acabou. Continuou. – Eu só não quero ter que sofrer aquilo tudo de novo.

Ethan pegou na sua mão.

- Você não vai ter que sofrer nada. Eu era um garoto Emily. Hoje eu sou um homem e que te ama acima de tudo.

Emily sorriu meio tristonha. Já dizia quase o mundo inteiro que a confiança é à base de qualquer relacionamento. Existem dois tipos de confiança. Existe aquela que você conquista com um tempo e que perde em frações de segundos e existe aquela que você quer que exista. Muitas vezes queremos acreditar tanto que aquilo é reciproco que cegamos e confiamos, mesmo quando já cometemos esse erro antes. Mas se não fossemos assim, não seriamos chamados de seres humanos, não é? Emily queria acreditar que dessa vez seria diferente e de fato Ethan tinha mudado. Já não era mais um moleque e já havia sentido na pele o que era viver ao lado dela sem realmente tê-la. Digo isso por que o que os olhos não veem o coração não sente. Os dois acabaram por ali e voltaram para casa. Ethan precisava organizar as últimas coisas da viagem e Emily? Bom, ela precisava digerir essa verdade.

...

Ah o domingo. Dia entediante em qualquer lugar do mundo. Pelo menos no Brasil tem futebol na TV, mas aqui em Rosetown se você não tiver um grande ciclo de amizade, termina como eu. Cozinhando omelete para o colega de quarto comer quando acordar de ressaca. Chuck chegara de madruga fazendo um barulho imenso. Realmente tinha bebido todas como prometido. Caroline o deixou no apartamento, mas não dormiu por lá. O que eu achei estranho. Deixei comida pronta, vesti minha roupa de corrida e fui dar uma volta na praça. Olhar os cachorros correrem atrás de bolinhas, ver as pessoas pedalando, sentir aquele vento frio, mas natural. Corri uns trinta minutos até sentar em uma mesinha que tinha na praça. Minha respiração estava ofegante, acho que o frio já começava a me enferrujar. Sentia minhas articulações travadas, isso quando não sentia dor como um peso em meus joelhos. Fiquei uns dez minutos sentado, até avistar Cindy saindo de uma farmácia. O vento empurrava seus cabelos para traz deixando a mostra sua boca de lábios carnudos. Ela atravessou para o lado da praça e continuou andando sem me ver. Levantei e corri até alcança-la.

- Cindy. Falei respirando.

Ela se assustou.

- Deus, você quer me matar?
- Eu não sou Deus, mas longe de mim querer fazer algum mal a você.
- Sei. Você correu só para falar comigo é isso?

Eu sorri.

- Algum problema nisso? Eu não posso correr para falar com uma amiga?
- Nós não somos amigos.
- Tudo bem. Com uma conhecida. Está melhor assim?
- Uhum.
- Comprando remédios? Você está bem?
- São para minha mãe.

Fiquei calado.

- Mas não se preocupe, não é grande coisa.
- Certo. Melhoras para ela.
- Obrigada.

Cindy foi saindo.

- Do lugar de onde eu vim às pessoas costumam dizer tchau antes de sair.

Ela se virou com um olhar de raiva.

- Às vezes eu acho que Emily tem razão sabia?
- Não. Eu não estou sabendo.
- Esquece.
- Não, fale.
- Tommy esquece está bem?
- Você queria dizer que eu sou chato ou... Como foi mesmo a palavra que você usou ontem?
- Intolerável.
- Isso. Intolerável. 
- Tchau. Falou Cindy saindo.
- Antes intolerável do que mal educado, não acha?
- Você está insinuando...
- Nada. Sorri ironicamente.
- Eu não vou ficar aqui discutindo com você. Agora se não for incomodo eu estou indo embora. Tchau Tommy.
- Tchau Cindy.

Voltei a correr de volta para casa, e Cindy tomou seu rumo.

...

Cindy chegou em casa um pouco irritada com a conversa que tivemos. Colocou os remédios na mesa e foi jogando suas coisas no sofá. Emily que estava no quarto, escutara quando a amiga chegou despejando sua raiva nos objetos que portava. Saiu do quarto e ficou olhando ela se acalmar aos poucos.

- O que aconteceu que te deixou assim?
- Já não bastam os problemas que eu tenho, ainda tenho que ouvir piadinha.
- Quem te irritou assim?
- Aquele amigo de Chuck.
- Tommy?
- É.
- Não se preocupe. Ele às vezes irrita só de chegar perto. Embora eu tenha que confessar que quando ele quer até consegue ser legal.
- Você acredita que ele me chamou de mal educada?
- Vindo dele eu acredito em qualquer coisa. Ele se acha perfeito demais para sair julgando qualquer pessoa por ai. Não se preocupe às vezes ele não passa de mais um idiota querendo aparecer.
- Ou talvez eu realmente tenha sido mal educada com ele. Parou Cindy. - Ele só veio me cumprimentar, mas minha cabeça anda a mil. Eu já tenho demais com o que me preocupar.
- Hum.
- O que ele queria falar com você ontem? Ele parecia se sentir próximo a você.
- Você está maluca? Não somos próximos e ele não tem que se sentir assim. Conversamos algumas vezes, só. E foi em um momento que eu precisava conversar com alguém diferente. Mas ele continua sendo um nada para mim e não queria nada demais ontem a noite. Apenas falar besteiras típicas dele. Parou Emily e lembrou que na verdade eu mal tinha falado, mas achou melhor mentir. - Por falar nisso, como sua mãe está? Mudou o assunto.
- Eu não sei Emily. Estou começando a ficar preocupada. Amanhã pretendo voltar lá, conversar com os médicos direito, ficar um pouco com ela sabe? Me sinto tão distante dela nesse momento.
- Vá. Ela precisa de você do lado dela.
- Ethan viaja amanhã de que horas?
- As 10.
- Bom... Você deseja uma boa viagem para ele por mim?
- Claro.
- Desculpa. Eu nem me dei conta que só estava falando de mim o tempo todo. Mas e você está bem com isso tudo?

Emily foi andando até sentar no sofá.

- Eu não sei o que sentir Cindy. Parece que está tudo paralisado aqui dentro sabe? Acho que a ficha só vai cair quando eu ver Ethan subindo naquele avião.
- Vocês conversaram sobre isso?
- Hoje de manhã eu toquei no assunto, mas você o conhece. Sempre está tudo bem, tudo ótimo. O meu medo é depois. O que você acha?
- Bom! Você quer que eu fale o que realmente acho ou o que você quer que realmente seja?
- Acho que eu meio que já sei o que é. Talvez eu só não queira aceitar.
- Eu acho que tem 50% de chance de ser diferente sabe? Ethan ama você e isso eu não posso negar. Eu andei o observando esses últimos dias na faculdade e ele estava péssimo, mas também ele tem créditos suficientes para desconfiar né? Essa estória de vocês parece que foi escrita em círculos.
- Esse é o meu medo Cindy. Eu amo Ethan, mas ao mesmo tempo não sei se posso confiar. Não no amor dele, mas nas atitudes.
- Tudo tem seu lado positivo Emily. Talvez esse tempo que vocês vão ter sirva de lição. Eu acho que vocês são muito dependentes um do outro e acostumados também. Vocês também precisam de um tempo. Você não se sente sufocada não?
- Às vezes eu me sinto, mas nada que seja pior do que não ter Ethan por perto.
- Bom... O que te resta a fazer é esperar e ver o que o tempo vai fazer com vocês. Também ele não está indo embora para sempre, ele vai voltar. Então quer um conselho? Se não der certo aproveita esses dois anos e quando ele voltar, vocês voltam a essa vida rotineira que vocês têm aqui.
- Também não precisa falar desse jeito Cindy.

Cindy sorriu.

- Emily, vamos ver o que comer? Por que o assunto Ethan além de sono me dá fome.

Emily jogou o travesseiro em Cindy e elas foram para a cozinha.

...

Ethan acordou, desceu suas malas, tomou banho e ficou esperando o táxi com Emily chegar. O relógio marcava 8:00 da manhã. Quando o ponteiro marcou 8:30, Ethan ouviu uma buzina. O táxi o esperava lá fora com Emily, como combinado. O taxista colocava as bagagens na mala enquanto Ethan cumprimentava sua amada com um beijo de bom dia. Os dois entraram no carro e seguiram para o aeroporto.
Chegaram por volta das 9:00 e Ethan foi direto fazer o Check-in. Emily o esperou despachar as malas e os dois começaram a andar pelo aeroporto, esperando a hora do voo. Ethan abraçava Emily como se não quisesse mais soltar. Por ela, o tempo pararia ali. Andaram até sentarem em um dos cem bancos que tinham espalhados pelo aeroporto.

- Você promete que vai se cuidar lá? Perguntou Emily olhando para Ethan.

                Ethan retribuiu com um sorriso.

- Emily eu estou indo para lá cuidar das pessoas, não me cuidar. Sorriu da brincadeira.
Emily deu um tapa na barriga dele.

- Eu estou falando sério.
- Claro que eu vou me cuidar sweet. Não se preocupe.
- Por favor, coma direito, não vá...
- Emily! Sorriu. Você está parecendo a minha mãe.
- É que eu fico preocupada com você Ethan.
- Eu sei, mas eu já estou bem grandinho para me cuidar. Quem tem que tomar cuidado aqui é você.
- Eu?
- É você sim! Eu não quero você de muita conversa com aquele Bryan e nem com nenhum outro rapaz.
- Ethan, por favor...

Ethan sorriu.

- Deixa de ser boba. Você sabe que eu estou brincando, mas eu quero que você se cuide direitinho.
- Eu vou me cuidar.
- Ótimo. Eu confio em você.

Emily parou nesse instante. Queria poder dizer o mesmo, mas não pôde. Só restou olhar para ele e o beijar. Ficaram ali mais um bom tempo.

“Atenção passageiros do voo 153 com destino a Havana, Cuba. Portão de embarque número 14.”

- Te ligo quando chegar. OK? Disse Ethan.

Emily concordou com a cabeça e Ethan foi andando em direção ao portão.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Capítulo 9

   Ethan abriu os olhos, mas não quis se levantar. Mal conseguira dormir a noite anterior. Seu coração foi tomado por uma tristeza que ele nunca havia sentido antes. Ele ficou olhando para o teto tentando organizar seus pensamentos. Como Emily pode fazer isso? Pensou ele. Estava difícil conseguir achar uma razão para tal fato. Seria a notícia da viagem? Seria realmente verdade? O que pensar nessas horas? Ethan corajosamente se descobriu e sentou na cama. Passou a mão nos cabelos e olhou para o relógio. Marcava 7:30 da manhã. Foi ao banheiro, escovou os dentes, lavou o rosto e ficou se olhando por um tempo no espelho.
   Chegara a faculdade um pouco atrasado, mas isso era o que menos o preocupava. Assistiu duas aulas e foi para um rápido intervalo. Ronald havia percebido o abatimento do amigo, mas não quis se aproximar. Ethan é o tipo de cara que não é muito de conversar. Quando está preocupado com alguma coisa ele se fecha e sofre sozinho. Andou até o pátio da faculdade, como fazia de costume quando namorava com Emily. Ali os dois ficavam sentados na grama debaixo de alguma árvore conversando com alguns amigos. Ele olhou para os lados na esperança de encontrar Emily, mas foi em vão. Foi andando sozinho até a árvore de costume e por ali sentou um pouco. Tirou o celular do bolso, mas nenhuma chamada estava registrada. Ethan deitou a cabeça no tronco e ficou olhando em direção à escadaria. Alguns minutos depois avistou Emily descendo as escadas acompanhada de Bryan, o atleta mais cobiçado de toda a faculdade. Ele tinha os cabelos pretos, os olhos azuis e um sorriso que mataria qualquer menina. Era alto e forte. Acho que 90% das meninas da cidade eram apaixonadas por ele. Ao descer as escadas ele colocou seu másculo braço nos ombros de Emily, que charmosamente jogava os cabelos para o lado. Ethan ficou observando de longe. Encostaram no corrimão da escada. Bryan segurava com as duas mãos o corrimão impossibilitando Emily de sair, se ela tentasse. Ethan sentiu o sangue ir à cabeça. Não faz nem 24 horas que acabamos e ela já arrumou um brinquedinho? Pesou. Levantou-se raivosamente e foi andando em direção à escadaria. Emily o viu se aproximar, mas fingiu não perceber a presença dele. Ethan subiu as escadas olhando para os dois. Sua expressão era de decepção. Entrou para o prédio principal. Emily sorriu para Bryan, mas logo depois deu um jeito de ir para a sala de aula.

...

   O sinal tocou e todos saíram de suas salas. Ethan saiu apressado para não encontrar Emily, mas o acaso estava contra ele. Na metade do caminho eles se esbarraram. Ethan educadamente pediu desculpa e saiu imediatamente. Emily ficou olhando-o sair, quando sentiu alguém bater em seu ombro. Era Bryan com aquele sorriso.

- Oi Emily. Eu estava pensando se você estaria livre para fazer alguma coisa sábado à noite.
- Esse sábado?
- Sim!
- Tenho alguns trabalhos para entregar na próxima semana, talvez eu fique fazendo-os.
- Qual é? Quem faz trabalho sábado à noite?

   Emily sorriu.

- Você pode fazer o seguinte. Falou Bryan. – Eu deixo você fazer seu trabalho de manhã e a tarde e você me promete que deixará eu te pegar para sair a noite. Eu passo no seu apartamento as 10. Eu não aceito não como resposta.
- Promete que não vai me ligar? Que não vai mandar mensagem?
- Eu prometo o que você quiser.
- Ok. Então você me pega as 10.

   Bryan deu um beijo na bochecha de Emily e saiu. Cindy vinha se aproximando.

- Não acredito. Falou Cindy com uma cara de surpresa. – Você e Bryan? Meu Deus ele é um gato.

   Emily sorriu.

- Você escolheu bem hein?
- Não começa Cindy. Bryan é legal, mas...
- Mas nada. Você sabe quantas garotas queriam estar no seu lugar agora? Eu mesmo queria estar. Sorriu. - Com aquela boca sorrindo para você o tempo todo, não tem problema “Ethan” que atrapalhe.
- Você não muda mesmo. Sorriu.
- Mas falando no falecido, você falou com ele hoje?
- Não. Na verdade ele me viu com Bryan na escada mais cedo. Acho que ele entendeu.
- Hum... Mas não era esse o plano?
- Sim.
- Então você deveria estar no mínimo um pouco feliz.
- Como é que eu posso estar feliz Cindy? Eu estou magoando o único homem que eu amei.
- Não foi você que quis assim? Então você tem que arcar com as consequências. Ninguém disse que iria ser fácil. E você quer saber? Às vezes você para aquelas velhas do seculo I. Pelo amor de Deus, Ethan não é o único homem da face da terra e nem o único que você amará. 

Emily a olhou com um olhar vago.

- Bom, vamos deixar desse chora chora e tentar tirar tudo de mais positivo nessa estória toda. Você vai me contar tudo sobre Bryan.

   Emily sorriu e as duas saíram de mãos dadas da faculdade.

...

   Quatro semanas se passaram desde que Emily e Ethan deram o ponto final na sua estória. Ethan não aguentava mais ficar em Rosetown, mas ainda restava uma semana até seu avião decolar voo. Ele havia planejado uma festa de despedida na sexta feira. Como Ethan era popular era certeza ser casa lotada.
   Chuck estava se arrumando enquanto eu assistia TV. Ele andava de um lado para o outro procurando alguma coisa. Entrou em seu quarto e saiu uns cinco minutos depois todo perfumado e cabelo engomado.

- E para onde vai esse Don Juan?

    Chuck sorriu.

- A festa de despedida de Ethan, esqueceu?
- Sim, a despedida do namorado de Emily.
- Ex-namorado.
- Acabaram mesmo?
-Já faz um mês.
- Para onde ele vai?
- Cuba. Ele vai passar uns dois anos lá fazendo a residência dele.
- Eles acabaram por causa disso?
- Não sei. Caroline não comentou nada comigo e eu também não gosto de me meter na vida dos outros.
- É que eu só achei estranho aquele amor todo acabar assim. Ou será que ela está com medo que ele tome muito Rum e faça algumas coisitas calhentes. Sorri.

   Chuck retribuiu.

- O que ele vai fazer ou deixar de fazer lá não é problema meu. Só sei que eu vou ficar aqui cuidando da minha pacata vidinha.
- Talvez você que precise de algumas doses de rum. Brinquei.
- Vou beber o suficiente hoje a noite. Respondeu brincando. 
- Mande um beijo para Caroline.
- Ela já está a caminho com Emily e Cindy.
- Então Emily vai a festa também?
- Claro. 
- Quem é Cindy?
- Uma amiga de Emily e Caroline.
- Hum.

   Ouvimos o bater da porta. Caroline chegará com suas amigas. Todas deslumbrantes.

- Boa noite! Falou Caroline dando um beijo em Chuck.
- Boa noite panteras. Respondi brincando.
- Você deve ser Tommy. Falou Cindy.
- E você deve ser Cindy. respondi.
- Como você sabe? Perguntou ela.
- Como você sabe que eu sou Tommy? Respondi perguntando.
- Digamos que eu já tenha ouvido falar de alguém um pouco "intolerável".

 Olhei para Emily. Por falar nela, esqueci de mencionar o quão linda ela estava. Vestia um vestido preto que caia perfeitamente as curvas do seu corpo. Seu cabelo longo cai perfeitamente em seu rosto e ombros. Estava incrivelmente bela.

- Sim, esse sou eu. 
- Emily você deveria ter falado que ele era uma graçinha. Falou Cindy se virando para Emily.

   Emily sorriu.

- Bom vamos nessa, não é meninas? Falou Chuck tentando não render o assunto.

   Todos foram em direção a porta, mas antes que Emily pudesse sair eu falei.

- Emily eu posso falar com você um segundo?

   Emily fez sinal para que os demais continuassem saindo.

- Vejo vocês lá embaixo. Falou ela.

   Fui me aproximando dela devagar. Ela me olhava um pouco assustada. Sorri. Olhei para ela dos pés a cabeça. A minha vontade naquele momento era de dizer o quanto ela estava linda, mas algumas palavras tem tempo certo para serem ditas. Guardei essas para mim, talvez aquela não fosse a hora certa de dizer, então ajeitei a alça do vestido que estava caída. Voltei a olhar nos olhos dela e disse:

- Agora você está pronta.
- Obrigada.
- Tenha uma ótima noite.

   Ela saiu.

...

   A casa estava lotada como o esperado. Chuck e Caroline chegaram e cumprimentaram Ethan. Foram pegar bebida e por lá ficaram. Emily e Cindy vinham um pouco mais atrás. Ethan estava na varanda quando viu Emily se aproximar. O olhar dele era faminto.

- Oi Emily. Olá Cindy.
- Olá Ethan. Respondeu Cindy.
- Oi Ethan.
- Vocês podem ficar a vontade. Tem cerveja lá dentro. 
- Nos iremos. Respondeu Cindy.

As duas foram saindo. 

- Cadê seu namorado Emily? Perguntou Ethan.
- Bom, eu acho que agora é a hora de ir buscar cerveja. Te vejo lá dentro amiga. Interrompeu Cindy saindo.

   Emily se virou. Ethan olhava para ela esperando uma resposta.

- Que namorado? Respondeu ela.
- Bryan.
- Ah Bryan... Ele não é meu namorado.
- Então desculpe, eu acho que me expressei errado. Posso reformular a pergunta?
- Não precisa.
- Vocês estão juntos mesmo? É sério o lance de vocês?
- Eu não preciso responder. Ah e obrigada pelo convite.

   Emily foi saindo, mas Ethan a pegou pelo braço.

- Emily eu vou embora daqui a dois dias. Você já parou para pensar?

   Emily olhava nos olhos dele.

- Você acha que eu acredito nesse seu romance com esse projeto de atleta? Emily eu amo você. Esses últimos dias longe de você foram os piores que eu poderia ter. Eu não consigo dormir, eu não consigo fazer mais nada. É insuportável a ideia de ir para a faculdade e saber que eu vou esbarrar com você e outro cara.
- Ethan, por favor...
- Não Emily, eu que te peço, por favor. Não acabe nossa estória assim. Eu sei que você ainda me ama e que só fez isso para eu não deixar de ir, mas eu estou te implorando que me dê uma chance. Que dê uma chance à nos novamente. São dois anos que passam voando. E eu posso te ver alguns fins de semana. A gente já passou por coisas muito piores e sobrevivemos. A última coisa que eu te peço antes de ir é que não desista da gente.  
- Não fala assim Ethan. Respondeu Emily com os olhos carregados de lágrimas.
- Olha para mim. Falou ele. – Diz aqui e agora que você não sente mais nada por mim.
- Você sabe que eu não consigo dizer isso Ethan.
- Por que você ainda me ama.
- Você sabe que sim.
- Então eu não vou te deixar em paz, até a gente ficar junto novamente.
- Ethan, por favor, não fala mais nada, apenas me abraça.

   Era tudo que eles queriam. Sentir um ao outro. Depois de um forte abraço, se olharam e não resistiram a um beijo apaixonado.